Série Psi – HBO
Nessa segunda-feira, 13, o psicanalista italiano e diretor da série Psi (HBO) Contardo Calligaris foi entrevistado pelo Roda Viva (TV Cultura). A bancada de entrevistadores foi formada por Teté Ribeiro, editora da revista Serafina do jornal Folha de S.Paulo; Marília Neustein, repórter do jornal o Estado de S.Paulo; Robinson Borges, editor de cultura do jornal Valor Econômico; Tati Bernardi, escritora e roteirista; e Ana Weiss, editora do site São Paulo Review.
Apesar do objetivo da sabatinada ser conhecer a terceira temporada da série Psi foram discutidos diversos temas. Aproximações entre os personagens dos romances e de Carlo Antonini com seu autor Contardo Calligaris foram comentados, evidenciando o quanto o criador e a criatura se misturam. O psicanalista explicou que os romances que escreveu tiveram uma função terapêutica e o ajudou a reconciliar-se com suas raízes italianas.
Contardo foi convidado pela HBO assim que lançou seu primeiro romance para produzir algum tipo de material para televisão. Adiou por dois anos o aceite do convite. Para a primeira temporada, ele contou com uma equipe que o ajudou, inclusive nos roteiros, pois, como contou, foram mais de 400 páginas redigidas.
“Se vocês não acham uma loucura ter vontade de viver, porque acham loucura morrer?”.
A estreia da terceira temporada do Psi deverá ocorrer abril de 2017 na HBO, embora a data não tenha sido oficializada por Contardo é provável que ocorra na primeira quinzena, seguindo aquilo que ocorreu em outras temporadas. O principal tema dessa será o suicídio. Segundo ele, a novidade agora é que os episódios são mais longos. O novo formato permitiu aprofundar mais os temas e a identidade dos personagens. Ao todo serão dez novos episódios.
Haverá uma quarta temporada?
Contardo confessou já estar escrevendo a quarta temporada e disse que uma série para ter continuidade nunca pode exceder 18 meses desde a última exibição, caso o contrário é até melhor fazer outra.
Calligaris comentou que a medicina, hoje, substituiu a religião, pois se tornou responsável por ensinar as pessoas a administrar as suas vidas: ditam a maneira que elas devem ser felizes. Outro assunto que o psicanalista abordou foi sobre o privado e público e exemplificou que, atualmente, os jovens escrevem nas redes sociais como escreviam nos diários. Esse exemplo demarca, talvez, a dificuldade em delinear os limites entre aquilo que está na esfera pública e o que está no íntimo.
Atendimento ao adolescente
Uma fala curiosa, certamente, chocante para os psicanalistas mais clássicos foi sobre o atendimento aos adolescentes. Segundo o colunista do Folha de São Paulo o tratamento de adolescente, muitas vezes, requer o deslocamento do psicanalista junto com o paciente para fora do consultório. Isso foi mostrado na primeira temporada da série.
O psicanalista, certamente, vale-se de um entendimento que, também comungo, que o trabalho de um psicanalista feito através da sua escuta. Tal escuta pode ocorrer em uma sala ou em uma praça, em outras palavras, trata-se de uma função a ser exercida. Isso é o que Jacques Lacan considerava como clínica em extensão.
Poder contar suas histórias de um novo jeito pode ser transformador.
Em breve novas publicações
Depois de vários anos, Contardo Calligaris resolveu publicar sua tese, elaborada em uma universidade na França. Disse que apesar de ter sido publicada nos Estados Unidos, adiou a tradução para o português e disse que gostaria de torná-la acessível para todos, leigos, inclusive.
Ficamos ansiosos pelas novidades da produção do psicanalista, enquanto elas não chegam podemos, ao menos, já ir nos preparando para a estreia de sua série, que não deixa de tratar de uma transmissão de Psicanálise, no estilo mais arrojado e inventivo. Eis o testemunho que Contardo Calligaris nos dá: de vida e de um tornar-se psicanalista (um invento feito ao estilo do desejo de cada psicanalista nascente).
Sem Comentários