Foram cinco edições do Psicanálise em Diálogo realizadas semestralmente. Excepcionalmente, no primeiro semestre não realizamos em função do Fórum Mineiro de Psicanálise, evento que o Interfaces participou através dos pré-fóruns e na comissão organizadora, além de apresentarmos trabalhos no dia.
Este semestre retornamos com a 6ª edição, que já tem data definida, 19 de Outubro. Abaixo, você pode assistir ao vídeo sobre o projeto e a seguir ler tudo o que aconteceu na última edição com o texto elaborado por Suzane Ramos Maritan, membro do Interfaces.
5º Psicanálise em Diálogo
A 5ª edição do Projeto “Psicanálise em Diálogo”aconteceu no sábado, dia 10 de novembro de 2018, das 15h às 18h30, no auditório do Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS-MG- Campus 1), localizado em Varginha. Esse evento foi organizado pelos membros do grupo Interfaces (Núcleo de Pesquisas e Estudos em Psicanálise) e contou com a colaboração do Dr. Roberto Lopes Mendonça, Psicólogo, Psicanalista, Filósofo, Doutor em Psicologia pela UFMG e Mestre em Psicologia pela UFSJ. O profissional apresentou com extrema inventividade o tema do suicídio: “O que Freud pensava sobre a morte? ”
A abertura do Projeto foi realizada pelo membro do grupo Interfaces, Michael Lopes, na qual o mesmo apresentou a proposta do “Psicanálise em Diálogo”, articulada a um dispositivo para circulação da palavra. Corroborando com a ideia, Janilton Gabriel de Souza, coordenador do grupo Interfaces, relatou que o grupo se trata de um núcleo de estudos que não possui o objetivo de fazer com que os seus membros pensem conforme o Líder, pelo contrário, pautado na ética da Psicanálise, o núcleo busca que outros Psicanalistas apresentem reflexões diferentes, favorecendo o diálogo. Posteriormente houve uma belíssima apresentação artística de dança e teatro, com a colaboração dos alunos do primeiro período de Psicologia do UNIS.
Após a abertura teve início o evento que se dividiu em três momentos: primeiro, o tempo de ver e ouvir a conferência do Psicanalista convidado; segundo, comentários com os colegas no espaço do café; e por último, aconteceu as perguntas dos ouvintes.
No primeiro tempo, Dr. Roberto explanou sobre a questão do suicídio percorrendo textos em ordem cronológica da obra freudiana. Os textos foram: “Observação de um caso grave de neurose em um homem histérico” (1886); “Estudos sobre a histeria” (1893); “Rascunho N” (1897); “Fragmento da análise de um caso de histeria” (1905); “O homem dos ratos” (1909); “Contribuições para uma discussão acerca do suicídio”(1910); “Totem e tabu” (1912); “Conferência introdutórias sobre a Psicanálise”(1915); “Luto e melancolia” (1917); “O homem dos lobos” (1918); “A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher” (1920); “Psicanálise e telepatia” (1921); “Sonhos e telepatia” (1922); “O eu e o isso” (1923); “Sonho e ocultismo” (1932); “Esboço de Psicanálise” (1938).
Na rica apresentação do discurso Dr. Roberto ressaltou que no processo analítico tem que se operar a transferência, sendo essa via de amor, uma das formas do sujeito agarrar-se à vida. Além do tema da transferência, os textos discutidos pelo palestrante mostraram que a temática da morte, pensada em Freud, atravessa três apontamentos. Primeiro, o suicídio se ligaria aos estados depressivos (1886-1908). Segundo, com a publicação do texto de Freud: “ O homem dos ratos (1909) ” começou uma teorização acerca das ideações suicidas vinculadas ao sentimento hostil dirigido à uma outra pessoa, questão essa que acarretaria culpa e, por conseguinte, levaria o sujeito a pensar o suicídio como forma de punir a si mesmo. E terceiro, a partir do texto de Freud: “Luto e melancolia (1917) ” teve uma concepção das ideações de morte através de uma explicação meta psicológica, em ligação à uma perda do próprio eu.
Na terceira parte do evento ocorreram as perguntas dos ouvintes. Dentre essas indagações, que abordaram o âmbito social, cultural e religioso, a Assistente Social Edézia Morais questionou sobre como o profissional pode trabalhar a prevenção do suicídio nos espaços públicos. Dr. Roberto respondeu que a prevenção é emprestar o nosso ouvido. Nesse contexto, ouvir é importantíssimo, pois acolher a dor do Outro e oferecer lugar para a palavra pode impedir a passagem ao ato. Esse é um convite para enquanto profissionais e também seres de relação ouvirmos o que o Outro tem a dizer, sem julgamentos e interrupções.
Para finalizar, segue o depoimento de Anna Paula Alves, estudante de Psicologia: “Participar do Psicanálise em Diálogo é uma oportunidade para se aproximar dos saberes da Psicanálise de forma didática e acessível. Nessa edição, Dr. Roberto abordou sobre o suicídio, um tema polêmico que vem de encontro às demandas da nossa realidade. Parabenizo a todos que participaram da construção desse evento”.
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