No último sábado (22/set) o Núcleo de Pesquisas e Estudos em Psicanálise (Interfaces) completou mais uma primavera de existência.
A ocasião foi marcada de muita comemoração, até o encontro foi realizado com a participação da professora de alemão Edetilde Mendes, que veio de Pouso Alegre, exclusivamente, para nos ajudar com a leitura do texto “O Estranho (1919)” na versão original. Ela é natural de Portugal e viveu muitos anos com alemães; transita entre muitas culturas, além de ser uma profunda conhecedora da língua é alguém que deparou-se várias vezes com o estranhamento proposto por Freud no seu texto de 1919, devido a sua circulação.
A iniciativa do espaço de estudo e pesquisas em Psicanálise surgiu em 2015, quando o psicólogo e psicanalista Me. Janilton Gabriel de Souza realizou o curso de extensão “O conflito amoroso na Justiça: A Psicanálise em interface com o Direito” na Unincor (Três Corações). Ao final do curso surgiu o pedido das alunas Ana Carla, Ana Paula Amorim, Edézia e Jacqueline Moreira para uma transmissão em Psicanálise. O convite foi acolhido por Janilton, entretanto entre o aceite e o inicio das atividades levou-se dois meses, pois na ocasião o psicanalista terminava as aulas que estava lecionando na pós-graduação.
O trabalho começou com o longo texto de Freud, “O Mal estar na Cultura”. Depois dele, em 2017 iniciamos um percurso nos conceitos fundamentais. Esse semestre resolvemos incluir o texto “O Estranho (1919)”, como mecanismo de estudo e preparo para o Fórum Mineiro de Psicanálise (evento mineiro que reúne diversos núcleos e escolas de Psicanálise), que o Interfaces passou participar da organização.
Na fala comemorativa de sábado o coordenador Me. Janilton Gabriel de Souza destacou os frutos desse trabalho: “Nesse caminho, sem campos certos, dispositivos foram inventados, como o Cine Divã, que retratava um pouco da aposta de refletir com a lupa de conceitos psicanalíticos. Sem ceder ao encanto de fazermos um grupo e com ele nos colocarmos na eleição de um inimigo, buscamos trazer para o diálogo psicanalistas de diversas escolas, grupos e universidades, recolocando em ato nossa aposta de furar o ideal de psicanalise e inscrever as suas variações de olhares e construções”.
Em uma publicação em rede social, a participante e membra do Interfaces desde 2017, Jéssica Silva, fez questão de sublinhar a importância desse espaço: “Muito orgulho de participar do Interfaces. Grupo da invenção, da inquietação que não cessa de aparecer e que nos faz continuar. Continuar pra dar conta de algo necessário de ser sustentado: O Desejo! São 3 primaveras, 3 anos de Interfaces, mas 30 anos de vivência e produção ( ou mais rs)”. Ao final ela brinca com a noção de tempo, que apesar do pouco o Interfaces já produziu muito. Talvez, isso reflita a proposta freudiana da atemporaneidade do inconsciente ou aquilo que este psicanalista aposta, que as vivências sejam mais intensas que o seu tempo.
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